domingo, 10 de julho de 2016

Até breve, Dr. Geraldo Squilassi


Quadro pintado por um de seus pacientes



Ah! Se todos pudessem ter o privilégio de, em algum momento da vida, encontrar um Dr. Geraldo... Ser humano raro, quase em extinção nos dias atuais.

Comecei a trabalhar em sua clínica recém formada. Foram cinco anos de formação universitária e mais dezoito de aprendizagens com um mestre. Mestre de memória excepcional! Quem me dera chegar aos 80 com metade de sua capacidade intelectual. Localizava um assunto em seus livros, revistas, artigos em minutos, em uma vasta biblioteca! Nunca fiquei sem resposta!

Dedicou sua vida ao trabalho e aos cuidados com seus pacientes. Não faço ideia de quantas pessoas foram atendidas por ele... Sei que tive a honra de acompanhá-lo por esses anos, poucos, para tanto que ainda tinha a aprender com ele.

Pessoa reservada, mas sempre atento aos que trabalhavam com ele. Depois de todos esses anos, conheci um pouco de sua vida. Ria das suas piadas, ouvia sua previsão do tempo. Estava atenta as suas explicações. Tinha o dom de traduzir em palavras simples os conceitos mais difíceis. Diziam que, quando ficava bravo, saia de sua boca um "que saco". Nunca ouvi, seria lenda? A filha de sua secretária o chamava de "papa gelatina". Foi a mesma Juju, que ao saber de seu falecimento, chorou e perguntou para a mãe: "agora quem vai comprar melãozinho para mim?". Sim, Juju... quem vai comprar seu melãozinho? Quem vai me auxilar em minhas dúvidas? Quem vai acender a luz? Quem vai abrir a janela? Quem vai me dizer para acertar meu relógio porque ele está adiantado três minutos? Não tenho respostas para essas perguntas. 

Outras tantas, carrego comigo e me auxiliam em meus atendimentos. Um pouco da experiência dele distribuo para meus pacientes. Sei que muito do que ele foi e fez está em cada um de nós, que tivemos o privilégio de conhecê-lo. Sorte nossa, Célia, Andrea, Kátia, Marina, Lívia, Ivone, Bia, que além do mestre, conhecemos o ser humano. Seremos as eternas "meninas da clínica".

Obrigada, Dr. Geraldo. Tenho certeza que não é um adeus, mas um até breve...