Exposição no Fran's Cafe Fnac Paulista |
Quem já não ficou irritado ao ver o nó no cadarço do tênis? Ou perdeu um tempão desembolando os nós daquela corrente de prata preferida? Quem não perdeu a cabeça e exagerou na buzina quando os semáforos simplesmente não funcionam depois daquela chuva torrencial, dando um nó no trânsito? Quem gosta de ficar com um nó na garganta, no peito ou na cabeça? Quanto tempo você aguenta ficar ao lado de um nó cego? Qual homem aguenta aquele nó de gravata nos dias de calor extremo? Quem desfaz os nós de um caminhoneiro? Quantos tipos de nós existem? Algum escoteiro sabe me responder?
Quem não gosta de laços no presente? Ou de ser enlaçado num abraço? Quem não se emocionou assistindo: "Laços de Ternura"? Quem não gosta de laços coloridos? Ou do laço que escorrega nos finos cabelos da menina? Quem já não tentou fazer um laço perfeito? Quem não investe em um laço de amizade? Quem não tem laços afetivos? Que mulher nunca usou um laço no vestido ou no sapato? Quem desfaz um laço sanguíneo?
Em tempos de "Cinquenta Tons de Cinza" ouvi: "um conto de fadas moderno"! Prefiro "Conto de Fadas para Mulheres Modernas" de Luis Fernando Veríssimo. Muitas relações afetivas hoje são verdadeiros nós: encurtam, amarram, limitam e vigiam. Nós que terminam em agressões, dor e sofrimento.
Um grande amigo escreveu a respeito de relacionamentos e a superficialidade que vivemos hoje: "Não queremos Sapos". Entramos em uma discussão: "tão pouco queremos príncipes", disse a ele. Porque mulheres não devem ser princesas aprisionadas em um castelo ou perdidas em florestas. Mulheres não querem ser amarradas em nós que só podem ser desfeitos por um príncipe salvador que chega no final da história, para um "felizes para sempre", totalmente ilusório. Mulheres querem laços, que podem ser feitos e desfeitos quando desejarem. Mulheres batalham, trabalham, sustentam, festejam, acolhem e protegem. Estão dentro e fora do "castelo". Não são príncipes, nem princesas. São mulheres.
E os homens? Será que também não se cansam de serem sapos ou príncipes, tão reduzidos e simplificados? Racionais o tempo todo, exaustos de carregar nas costas todas as dívidas do mundo? Comum entrarem nos consultórios psicológicos ou psiquiátricos exaustos e com distúrbios graves, paralisantes, depois de esgotarem todas as outras especialidades médicas. Porque para muitos deles, ainda não é permitido sentir, só dever. Só nós.
Comum em psicoterapia, ao descrever relacionamentos, ouvir a expressão: "porto seguro". Pessoas "porto seguro não são nós?", questiono meus pacientes. Ficam lá, paradas, esperando as embarcações, envelhecendo sozinhas. Não navegam, transcendem, se aventuram. Sempre digo: "prefiram ser barcos"! Naveguem juntos, se percam, se distanciem, se comuniquem, se aventurem. Tomem o leme e escolham caminhos. Sejam laços.
Em cartaz, junto com "Cinquenta Tons de Cinza", estava "Fences: Um Limite entre Nós", que retrata a vida de um casal e a complexa relação que existe num casamento. Onde um aparente laço, pode ser nó. E quando achamos que o nó era impossível de ser desfeito, vira laço.
Se olharmos atentamente somos laços e nós. Carregamos a saúde e a doença ao nos relacionarmos com outras pessoas. Acredito que essas relações devem servir para nossa expansão, para a surpresa que o outro nos faz quando nos mostra o que não conhecemos a nosso respeito. Ou como diz Oswaldo Montenegro, em uma música cujo amado se declara a mulher:
"Então não vá embora/ Agora que eu posso dizer/ Eu já era o que sou agora/ Mas agora gosto de ser" (Poema Quebrado).
Muitas vezes, desenvolvemos repetidamente relações como nós. Demoramos para compreender quão pouco nos amamos. Nos enfeitamos de fantasias de felicidade, ou de super humano capaz de ler e comandar a mente de nossos parceiros. Em algum momento da vida, nos depararemos com o espelho que nos mostra a ferida, o feio, o que negamos; como no conto: "A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais" de Clarice Lispector. A feiura e desumanidade também estão presentes na literatura de um de meus autores preferidos. A Cegueira Branca de Saramago não se refere ao que não enxergamos do mundo. Ela fala do que não queremos ver em nós mesmos.
Quem sabe, depois de nos descobrirmos Feras e Belas, de entrarmos em contato com tudo que podemos ser e mudar, o mundo não se torne maior, mais rico, e cheio de novos ângulos. Sejamos mais Amelie Poulain (filme: "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain) que vence, de forma criativa, seu medo de enlaçar-se.
Que na vida possamos construir mais laços que nós. E se houver "nós", que seja o pronome, não o substantivo.
Em tempos de "Cinquenta Tons de Cinza" ouvi: "um conto de fadas moderno"! Prefiro "Conto de Fadas para Mulheres Modernas" de Luis Fernando Veríssimo. Muitas relações afetivas hoje são verdadeiros nós: encurtam, amarram, limitam e vigiam. Nós que terminam em agressões, dor e sofrimento.
Um grande amigo escreveu a respeito de relacionamentos e a superficialidade que vivemos hoje: "Não queremos Sapos". Entramos em uma discussão: "tão pouco queremos príncipes", disse a ele. Porque mulheres não devem ser princesas aprisionadas em um castelo ou perdidas em florestas. Mulheres não querem ser amarradas em nós que só podem ser desfeitos por um príncipe salvador que chega no final da história, para um "felizes para sempre", totalmente ilusório. Mulheres querem laços, que podem ser feitos e desfeitos quando desejarem. Mulheres batalham, trabalham, sustentam, festejam, acolhem e protegem. Estão dentro e fora do "castelo". Não são príncipes, nem princesas. São mulheres.
E os homens? Será que também não se cansam de serem sapos ou príncipes, tão reduzidos e simplificados? Racionais o tempo todo, exaustos de carregar nas costas todas as dívidas do mundo? Comum entrarem nos consultórios psicológicos ou psiquiátricos exaustos e com distúrbios graves, paralisantes, depois de esgotarem todas as outras especialidades médicas. Porque para muitos deles, ainda não é permitido sentir, só dever. Só nós.
Comum em psicoterapia, ao descrever relacionamentos, ouvir a expressão: "porto seguro". Pessoas "porto seguro não são nós?", questiono meus pacientes. Ficam lá, paradas, esperando as embarcações, envelhecendo sozinhas. Não navegam, transcendem, se aventuram. Sempre digo: "prefiram ser barcos"! Naveguem juntos, se percam, se distanciem, se comuniquem, se aventurem. Tomem o leme e escolham caminhos. Sejam laços.
Em cartaz, junto com "Cinquenta Tons de Cinza", estava "Fences: Um Limite entre Nós", que retrata a vida de um casal e a complexa relação que existe num casamento. Onde um aparente laço, pode ser nó. E quando achamos que o nó era impossível de ser desfeito, vira laço.
Se olharmos atentamente somos laços e nós. Carregamos a saúde e a doença ao nos relacionarmos com outras pessoas. Acredito que essas relações devem servir para nossa expansão, para a surpresa que o outro nos faz quando nos mostra o que não conhecemos a nosso respeito. Ou como diz Oswaldo Montenegro, em uma música cujo amado se declara a mulher:
"Então não vá embora/ Agora que eu posso dizer/ Eu já era o que sou agora/ Mas agora gosto de ser" (Poema Quebrado).
Muitas vezes, desenvolvemos repetidamente relações como nós. Demoramos para compreender quão pouco nos amamos. Nos enfeitamos de fantasias de felicidade, ou de super humano capaz de ler e comandar a mente de nossos parceiros. Em algum momento da vida, nos depararemos com o espelho que nos mostra a ferida, o feio, o que negamos; como no conto: "A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais" de Clarice Lispector. A feiura e desumanidade também estão presentes na literatura de um de meus autores preferidos. A Cegueira Branca de Saramago não se refere ao que não enxergamos do mundo. Ela fala do que não queremos ver em nós mesmos.
Quem sabe, depois de nos descobrirmos Feras e Belas, de entrarmos em contato com tudo que podemos ser e mudar, o mundo não se torne maior, mais rico, e cheio de novos ângulos. Sejamos mais Amelie Poulain (filme: "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain) que vence, de forma criativa, seu medo de enlaçar-se.
Que na vida possamos construir mais laços que nós. E se houver "nós", que seja o pronome, não o substantivo.
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