Bethânia canta Chico
Almoçava com uma grande amiga, falávamos sobre relacionamentos, perspectivas e expectativas. Olhou para para o lado e disse: "Que visão mais triste..."
Observava um casal sentado em diagonal, em lados opostos, na maior distância possível em uma mesa retangular. Ele olhava para o alto, para uma TV sem som. Ela para baixo, para o celular. Ao lado da mulher tinha um bebê, num carrinho. Cada um olhava numa direção e seus olhos não se encontravam. Não olhavam nem para a comida. O garfo parado no ar, entre o prato e a boca. O molho mancharia a roupa, sem que notasse. Se perguntassem mais tarde: "O que comeram no almoço?", provavelmente não saberiam responder. Talvez o bebê, que era bem pequeno e ainda devia mamar no peito. Onde estava os Olhos nos Olhos?
Assisti duas vezes "O Sal da Terra" sobre a vida do fotógrafo Sebastião Salgado. Precisava sentir o que meus olhos viam: um retrato em branco e preto da vida e da humanidade! Um documentário que dá aquele grito de alerta: Olhos nos Olhos! Um ser humano obcecado pelo olhar: cego, vago, sofrido, amoroso risonho ou morto. Olhos dos que ainda lutam ou já desistiram e caminham sem rumo. E o grande final os olhos de "Genesis" da recriação da vida.
Infelizmente estamos perdendo os Olhos nos Olhos. Começamos e encerramos relações por uma tela fria. Andamos olhando para baixo, para nosso próprio umbigo, preocupados com emergências sem urgência.
"Olhos nos Olhos", do Chico Buarque, que dá o nome a esta pequena reflexão, fala sobre uma mulher humilhada que se refaz após um relacionamento doído e desfeito. Que diz ao antigo amor que ele verá "Olhos nos Olhos" a felicidade dela.
Por que é tão difícil, nos dias atuais, tanto olharmos nos olhos de quem é feliz quanto de quem sofre? Assim, não viveremos em breve a cegueira branca de Saramago?
Nos refazemos e nos alimentamos de afetos, afagos, beijos e abraços. Nos reconheceremos humanos, sem dúvida, quando conseguirmos nos olhar novamente: Olhos nos Olhos.
Infelizmente estamos perdendo os Olhos nos Olhos. Começamos e encerramos relações por uma tela fria. Andamos olhando para baixo, para nosso próprio umbigo, preocupados com emergências sem urgência.
"Olhos nos Olhos", do Chico Buarque, que dá o nome a esta pequena reflexão, fala sobre uma mulher humilhada que se refaz após um relacionamento doído e desfeito. Que diz ao antigo amor que ele verá "Olhos nos Olhos" a felicidade dela.
Por que é tão difícil, nos dias atuais, tanto olharmos nos olhos de quem é feliz quanto de quem sofre? Assim, não viveremos em breve a cegueira branca de Saramago?
Nos refazemos e nos alimentamos de afetos, afagos, beijos e abraços. Nos reconheceremos humanos, sem dúvida, quando conseguirmos nos olhar novamente: Olhos nos Olhos.